Existem estratégias acordadas internacionalmente cujo objetivo é mitigar os efeitos do aquecimento global a curto prazo.
Neste âmbito, existem diferentes termos (Neutralidade de Carbono, Net Zero, Impacto climático positivo) que, partindo do mesmo objetivo, indicam diferentes formas de contabilizar as fontes e os reservatórios de carbono, indicando o que está e o que não está incluído num cálculo ou objetivo em matéria de pegada ambiental. Os planos de ação relacionados com cada termo refletem o compromisso da sociedade (pessoas, empresas e instituições) colocam em marcha para reduzir as suas emissões.
No fundo, o compromisso de alcançar zero emissões implica reduzir a quantidade de gases com efeito de estufa (GEE) emitidos para a atmosfera. Este paradigma necessita que se avance com a descarbonização, ou seja, a substituição das fontes de energia (fósseis) baseadas no carbono. Assim, considerando que:
- O “Net Zero” é o estado de impacto climático alcançado quando as emissões equivalem à remoção de GEE da atmosfera, ou seja, minimizar a quantidade de GEE emitida para a atmosfera e remover ou absorver da atmosfera os gases poluentes emitidos;
- A “Neutralidade de Carbono” não é mais que atingir o equilíbrio entre as emissões e a absorção de carbono da atmosfera, fazendo com que o saldo seja, literalmente, neutro.
Neste contexto, qual o caminho a seguir para emissões zero? Como alcançar a neutralidade climática, ou seja, o objetivo de emissão de zero gases poluentes até 2050? Ou mesmo, como obter um “impacto climático positivo”, removendo uma quantidade ainda maior de gases da atmosfera do que é emitido?
Para alcançar estes objetivos, poderão ser aplicadas diferentes estratégias:
- Reduzir: a cadeia de valor de modo a eliminar todas as emissões possíveis;
- Compensar: Investir em projetos sustentáveis, para compensar as emissões que não podem ser reduzidas;
- Neutralizar: implementação de processos de remoção de carbono da atmosfera, que, combinados com a redução das emissões, garantam a neutralidade carbónica.
No âmbito da mobilidade, a utilização de combustíveis sustentáveis é um passo para atingir quer o “Net Zero” quer a “Neutralidade de Carbono”, estando os principais fabricantes de combustíveis a desenvolver novos tipos de combustível – Drop-in(*) – híbridos ou totalmente sintéticos, 100% sustentáveis.

Fonte: www.flaticon.com
Estes combustíveis 100% sustentáveis não aumentarão a quantidade total de carbono na atmosfera, garantindo neutralidade: como o próprio nome sugere, os combustíveis sintéticos renováveis, são fabricados exclusivamente com energia obtida de fontes renováveis, como o sol ou o vento.
Este processo é ainda mais verde, pois os fabricantes capturam o CO₂ necessário para produzir este combustível a partir do ar atmosférico, transformando assim um gás de efeito estufa num recurso valioso.
Este ciclo produtivo está baseado numa economia circular, em que o CO₂ emitido durante a queima de combustíveis sintéticos renováveis é reutilizado para produzir novos combustíveis. Dessa forma, ocorre uma redução líquida de emissões de CO₂ na atmosfera, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e promovendo um ciclo sustentável de produção e uso de energia.
Os veículos na estrada, quando movidos a combustível sintético, são em última análise neutros para o clima.
Considerando que se estima existir entre 1,4 e 1,8 mil milhões de veículos em circulação em 2030, dos quais apenas 8% devem ser elétricos, os combustíveis “drop-in” 100% sustentáveis, sejam híbridos ou totalmente sintéticos, apresentam como vantagem:
- Potencial de reutilização das atuais infraestruturas de fornecimento;
- Compatibilidade com a utilização direta nos veículos atualmente em circulação, garantindo que os carros com motor de combustão interna existentes continuem a circular;
- A nova geração de combustiveis 100% sustentáveis é neutra no que respeita ao carbono;
- Diversificação da matriz energética do setor dos transportes, aumentando a segurança energética e promovendo a sustentabilidade;
- Benefícios sociais e económicos, incluindo a criação de empregos, o desenvolvimento de tecnologias inovadores e fortalecimento da economia local;
- Impacto na saúde pública, melhorando a qualidade do ar nas áreas urbanas.
Em resumo, os combustíveis “drop-in” sustentáveis, sejam híbridos ou totalmente sintéticos, oferecem uma solução viável para reduzir as emissões de carbono do setor de transporte, proporcionando uma transição mais suave e sustentável para o futuro de mobilidade com menor impacto ambiental.