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amarelo
Nível de Risco
Existência de indícios de possíveis problemas que possam afetar significativamente o sector petrolífero.A probabilidade de se tornar uma ameaça real é baixa, mas deverá existir uma monitorização contínua da situação.

Causes:
Devido aos problemas de fornecimento elétrico, a ENSE encontra-se a monitorizar os impactos no Setor Petrolífero Nacional.

A energia das ondas para a sustentabilidade energética nacional

27/02/2023

A redução da libertação de gases com efeitos de estufa, para a atmosfera, e a independência energética de cada país continuam a estimular o pensamento sobre novas formas de extração de energia elétrica. A energia das ondas, que apresenta um potencial e consistência elevado, é invariavelmente associada a novas tecnologias e avanços nestes temas.

Ora, o oceano, mais propriamente as suas ondas, funcionam como baterias, acumulando a energia do vento. O perfil energético de uma onda está diretamente relacionado com a intensidade e a persistência do vento, levando em conta também a escala da área onde o vento sopra. Do ponto de vista energético, as áreas mais atraentes encontram-se entre 30 e 60 graus de latitude em ambos os hemisférios. A costa Oeste de Portugal continental, por exemplo, encontra-se entre os 37 e os 41 graus.

A extração da energia das ondas nos dias de hoje, enfrenta ainda diversos desafios.

Embora as vantagens existentes na sua exploração e centenas de dispositivos para explorar a energia das ondas tenham sido projetados e testados, com sucesso variável, a maioria das tecnologias ainda precisa ser melhorada. Isto deve-se, principalmente, à sua resistência às fortes condições ambientais que ocorrem frequentemente em muitas áreas oceânicas. A sua rápida degradação leva a custos de manutenção elevados, e sempre dependentes do estado do mar para que estas ações, preventivas ou corretivas, ocorram. A instalação dos conversores que chegam à fase de testes, ou de estabelecimento para a produção de eletricidade, também está fortemente dependente do estado do mar.

O desenvolvimento da tecnologia de energia das ondas mostra muito pouca convergência tecnológica, ao contrário da eólica, em parte devido à diversidade do recurso de ondas e à complexidade de explorar a energia das ondas.

Em Portugal, já foram realizados diversos testes, seja com conversores construídos em terra, como a estação da ilha do Pico (0,4 MW), contruída em 1999 e em operação até 2018, que funcionam devido ao efeito das ondas nesses locais, ou, maioritariamente, nas zonas pilotos.

Uma das zonas piloto, situa-se ao largo da praia da Aguçadoura, numa região marítima com 45 m de profundidade e 3,3 km2 de área, e destina-se a tecnologias em desenvolvimento. A eletricidade gerada pelos dispositivos pode ser injetada na rede de distribuição elétrica através de um cabo submarino, com 4 MW de capacidade e 5 km de comprimento, e de uma subestação em terra. Neste local, esteve, em 2004 instalado o Archimedes Waveswing (AWS) (2 MW), em 2008 as Pelamis (0,75 kW), e na eólica offshore o projeto WindFloat Demo (2 MW), que por sinal teve resultados satisfatórios ao resistir a tempestades, como a Hércules, ainda em 2014.

Outra zona piloto situa-se ao largo de Viana do Castelo, com cerca de 11 km2 de área e profundidade entre 85 e 100 m. Dispõe de um cabo submarino de 40 MW, com 17 km de comprimento e subestação em terra, e destina-se à demonstração de tecnologias que procuram entrar ou já estão na fase de comercialização. Neste local estão instaladas as turbinas eólicas do projeto WindFloat Atlantic.

A zona piloto de Viana de Castelo constitui uma extensão da zona piloto que existe ao largo de São Pedro de Moel, entre a Figueira da Foz e a Nazaré, com 320 km2 de área, criada em 2008 através do Decreto-Lei nº 5/2008.

Perto da costa de Peniche, em 2012, entrou em funcionamento um dispositivo submerso denominado WaveRoller (3×0,1 MW) até 2014, sendo atualizado o projeto em 2020 para um conversor do mesmo tipo, mas com 0.35 MW, ainda em atividade.

Encontra-se em fase de instalação, na zona piloto da Aguçadoura, um projeto da CorPower Ocean, que através de dispositivos de flutuantes (0,33 MW, cada) pretende criar um parque de conversão de energia das ondas, com a sua ligação à Rede Elétrica de Serviço Público (RESP). A sua instalação aguarda, somente, as melhores condições marítimas. Este projeto, de acordo com o indicado pela empresa, pretende, para além da produção de energia elétrica renovável, trazer a produção dos conversores para perto do seu local de instalação, o que poderá levar à criação de empregos nesta área.

Na Resolução do Conselho de Ministros n.º 68/2021, de 4 de junho, que aprova a Estratégia Nacional para o Mar 2021-2030 é indicado que as metas e objetivos definidos para o setor eletroprodutor nacional, no que concerne a energias renováveis oceânicas, estabelecem cerca de 370 MW de eólica offshore e ondas até 2030, nos termos do PNEC 2030.

Com os novos leilões do eólico offshore flutuantes anunciados, criar-se à, pelo menos, pontos de ligação com a RESP ao longo da costa portuguesa, que poderão futuramente ser utilizados na exploração de novos parques de energia das ondas, mediante os atuais testes, ou novos projetos que poderão surgir.

O potencial energético existe, as adversidades próprias do meio, ambiental ou económico, são conhecidas e as metas governamentais estão estabelecidas para as energias renováveis, aguardam-se assim os avanços que ocorrerão nesta década, certamente marcada pela transição energética.