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amarelo
Nível de Risco
Existência de indícios de possíveis problemas que possam afetar significativamente o sector petrolífero.A probabilidade de se tornar uma ameaça real é baixa, mas deverá existir uma monitorização contínua da situação.

Causes:
Devido aos problemas de fornecimento elétrico, a ENSE encontra-se a monitorizar os impactos no Setor Petrolífero Nacional.

Clean Aviation: O céu é o limite

27/02/2023

Enquadramento global

As preocupações de natureza ambiental traduzem-se, hoje, numa consciencialização, à escala mundial, da necessidade de se tomarem decisões estratégicas que visem melhorar a saúde do planeta Terra ou, pelo menos, estancar as maleitas, cada vez mais visíveis e notadas, da poluição adveniente de uma utilização exaustiva de recursos não renováveis e prejudiciais para o clima.

Sedimenta-se, assim, um novo paradigma, fruto de uma preocupação global orientada no sentido de se encontrarem alternativas viáveis para minorar efeitos nocivos para o ecossistema, baseadas, sobretudo, nas chamadas energias alternativas, de preferência renováveis, mas, todas elas, com um menor impacto no ambiente, num trajeto que se pretende gradual e a efetivar num curto período temporal.

A evolução verificada já pode ser constatada em alguns setores, como é o caso da indústria automóvel, cada vez mais empenhada em explorar a denominada mobilidade elétrica, investindo cada vez mais no fabrico e comercialização de veículos híbridos ou totalmente elétricos, aproveitando a janela de oportunidade que os próprios Estados criaram ao fomentar, através de incentivos (de natureza fiscal ou outra), a sua comercialização e utilização.

Apesar de se saber das dificuldades ainda existentes, com destaque, sobretudo, para a autonomia destes aparelhos rodoviários, a qual tem vindo a ser aumentada, de maneira a que consigam percorrer maiores distâncias sem necessidade de carregamento das suas baterias, cumpre destacar, no setor aeronáutico, a existência de um projeto europeu, denominado HERA – Hybrid-Electric Regional Architecture, integrado no Clean Aviation (cofinanciado pela União Europeia), que está a investir na criação e desenvolvimento de novas fontes de energia a aplicar na aviação, e que, através de uma forte aposta e de um esforço conjunto, assume agora contornos de realidade, sendo de destacar que também Portugal se encontra envolvido no mesmo, em várias vertentes, através da participação de um total de 17 entidades.

É que a capacidade de cruzar os céus, que o ser humano passou a partilhar com os seres alados, que dele sempre fizeram uso natural, já não representa, do ponto de vista da proteção ambiental, um sonho com asas para voar, mas sim um objetivo real a alcançar a curto prazo, sempre na esperança de se conseguir mais e melhor.

Apenas não nos podemos esquecer que existem inúmeras dificuldades a ultrapassar, tendo em atenção o facto de que estamos perante um dos meios de transporte mais utilizado do mundo, com vários biliões de utilizadores anuais de voos comerciais e turísticos e que, concomitantemente, também é tido por um dos mais seguros, situação que se pretenderá, certamente, manter quando se utilizar o novo combustível.

O HERA – Hybrid-Electric Regional Architecture, integrado no Clean Aviation

Todas as entidades europeias envolvidas neste projeto estão, atualmente, a conceber e a desenvolver uma aeronave que funcionará num modelo híbrido, com recurso a eletricidade, sustentada em células ou baterias elétricas, que funcionarão tendo por suporte combustível sustentável ou combustão de hidrogénio.

Com o horizonte de 2030 inserido no computador de bordo, este projeto pretende experimentar este tipo de aeronave, numa primeira fase, em distâncias mais pequenas (voos regionais), precisamente por questões de autonomia, com enfâse, também, nas questões de segurança.

Contudo, se as pequenas distâncias se revelam ideais para testar este projeto, precisamente por se coadunarem com o seu intuito experimental sem comprometer o aspeto da autonomia da aeronave, por outro lado, representam ainda uma benesse para a situação atual, pois muitos dos passageiros dos voos regionais, nos dias atuais, poderiam realizar as mesmas viagens recorrendo a outros meios de transporte, menos poluentes, como é o caso dos comboios, mas não o fazem, optando deliberadamente, por questões de índole pessoal, por se deslocarem por via aérea, assim permitindo uma mudança benéfica para o clima sem haver a necessidade de alterar hábitos já instituídos.

Deste modo, a implementação futura deste projeto, ainda que condicionada por questões de autonomia, irá impactar significativamente na redução da pegada carbónica por cada passageiro habitual deste tipo de viagens áreas de curta distância, o que contribuirá para, assim se espera, uma visível melhoria ambiental.

Para tornar possível esta verdadeira revolução na aeronáutica moderna, tal como a conhecemos hoje, mostrou-se necessário investir no seu próprio modelo de conceção que se traduzirá, sobretudo, nos seguintes níveis:

Espera-se, assim, que o projeto esteja sedimentado e contribua para que, também ao nível da utilização das aeronaves, sejam substituídos, entre 2035 e 2050 (data estimada para a almejada neutralidade carbónica), mais de 40.000 aparelhos, com o impacto ambiental daí resultante, numa transição que pretende manter o ritmo das atividades associadas e acompanhar a sua natural previsão de expansão.

As expectativas são elevadas, tal como a fasquia e, uma vez entregue este bilhete reservado para um futuro próximo, resta desejar votos de que tenha uma boa viagem, virtual ou real, ao som da velhinha pergunta que, em tempos idos, as tão famosas hospedeiras lançavam, pelo corredor da aeronave, aos quatro ventos: chá (que, agora, se impõe verde, para condizer com o projeto), café ou laranjada?

Para quem tenha interesse em explorar a matéria, estes dados e muitos outros constam da página institucional do projeto, que poderá ser consultada na internet em https://www.clean-aviation.eu/.