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amarelo
Nível de Risco
Existência de indícios de possíveis problemas que possam afetar significativamente o sector petrolífero.A probabilidade de se tornar uma ameaça real é baixa, mas deverá existir uma monitorização contínua da situação.

Causes:
Devido aos problemas de fornecimento elétrico, a ENSE encontra-se a monitorizar os impactos no Setor Petrolífero Nacional.

Conferência B+ Summit promove debate sobre aceleração da descarbonização dos transportes

18/05/2023

No âmbito da sua participação na conferência b+ Summit, a ENSE elenca neste artigo as principais conclusões da iniciativa relativas à descarbonização dos transportes pesados.

A conferência europeia B+ Summit, promovida em parceria pela Associação de Bioenergia Avançada (ABA), a European Board of Biofuels (EBB) e a European Waste-based and Advanced Biofuels Association (EWABA), promoveu um pioneiro espaço de debate dedicado à aceleração da descarbonização dos transportes pesados através de misturas mais ricas de biocombustíveis derivados de resíduos.

Contou com diversos painéis de debate e palestras, onde reuniu vários representantes e entidades de destaque na transição energética, representantes da sociedade civil, produtores e fornecedores de combustíveis, indústria dos transportes, fornecedores de tecnologia e decisores europeus, que evidenciaram algumas das potenciais soluções e medidas para que a Europa possa acelerar este percurso.

Assim, foi comumente assinalado a necessidade premente de uma maior estratégia e planeamento europeu para a transição energética deste setor, tendo em conta a realidade de cada EM, com um consequente quadro legal consistente, com opções de escolha alargadas, num modelo de mix energético, que conduzam a um efetivo percurso na descarbonização do transporte pesado.

Se pensarmos o peso do setor do transporte de mercadorias e passageiros nas atuais emissões carbónicas, facilmente se percebe a enorme lacuna que existe quer ao nível do espaço de reflexão e discussão, quer ao nível da definição e implementação de medidas amplas e inclusivas para o setor, que passam, como foi assinalado por todos os intervenientes, pelo contributo de todos os combustíveis de baixo teor em carbono num mix energético e por um quadro legislativo e regulamentar estável, com fortes incentivos ao investimento.

Um ponto comum, convergiu, a ambicionada eletrificação do setor do transporte pesado não será uma realidade tão cedo quanto o desejado, desde logo pela falta de soluções de I&D robustas e pelos avultados investimentos financeiros em novas infraestruturas logísticas e de abastecimento e pelo gigantesco esforço financeiro que as transportadoras terão de despender para a substituição das suas frotas, assentes essencialmente em combustíveis fósseis, em veículos elétricos.

Uma vez este atraso, foi unânime que se deve olhar e considerar sem preconceitos todas as tecnologias sustentáveis, assumindo-se uma postura de neutralidade tecnológica, pois todas terão um importante papel para se atingir a meta da neutralidade carbónica até 2050. Não há uma “bala de prata” para descarbonizar todo o transporte pesado aéreo, marítimo e rodoviário, pelo que, foi consensual, no curto-médio prazo, o destaque dos biocombustíveis sustentáveis derivados de resíduos e matérias avançadas como os que de um modo mais eficiente e mais rápido podem responder à transição energética do setor dos transportes pesados, pela sua compatibilidade com as frotas pesadas existentes onde ainda cerca de 98% funciona a combustível líquido maioritariamente fóssil. Particularmente mais relevantes as misturas mais ricas de biodiesel, numa proporção que poderá atingir os 100%, devem rapidamente ser promovidas para acelerar, de forma acessível e abrangente, a descarbonização do transporte pesado, já que podendo ser usadas hoje, sem a necessidade de alterações significativas dos motores e de custos adicionais na distribuição, evitariam a emissão de milhões de toneladas de CO2 nas próximas décadas.Sobre este ponto, a EU não está alinhada, havendo países onde a disseminação de misturas mais ricas de biocombustíveis são já uma realidade, pelo que ficou expresso que urge promover o alinhamento entre os países da EU, através de maiores e melhores esclarecimentos, com especial enfoque para a indústria dos transportes relativamente ao impacto no equipamento destas misturas, desmitificando a sua utilização, que aliado à implementação de um quadro legislativo e técnico de misturas mais ricas de combustíveis verdes, permitiriam, desde já, mais opções de escolha no abastecimento aos operadores de transportes pesados e aos consumidores em geral.

Quanto a outros combustíveis verdes complementares para acelerar a transição energética, foram apresentados diversos projetos em desenvolvimento, sendo de realçar, a nível nacional, o projeto de um parque de energia verde, a desenvolver no complexo da refinaria de Sines, entre outros, para a produção de combustíveis avançados HVO e de hidrogénio verde.

Concluindo, apesar da descarbonização do setor dos transportes pesados parecer distante e difícil de alcançar, se houver um manifesto reconhecimento da EU do potencial das misturas mais ricas de biocombustíveis avançados e outros combustíveis verdes, como o HVO enquanto solução acessível e imediata, poder-se-á por um lado reverter esta tendência, podendo chegar-se a 2030 com a redução efetiva das emissões de gases com efeito de estufa na mobilidade pesada, e por outro lado incentivar a escolha de uma opção certa neste setor de transporte para uma mobilidade mais sustentável.

Em súmula de tudo o que foi debatido e esclarecido durante a conferência, foi oficialmente lançado o Manifesto B+ sobre a descarbonização dos transportes pesados de forma mais económica, destacando o potencial de todos os combustíveis de baixo carbono para atingir esse objetivo e contribuir para a economia circular, a promoção da bioeconomia e a redução da dependência de combustíveis importados, assinado pelos três organizadores deste evento em conjunto com mais de 50 organizações entre as quais associações europeias e empresas líderes no setor do transporte.

O Manifesto B+ encontra-se aqui para consulta.