No passado dia 24 de fevereiro de 2025, realizou-se o segundo workshop no âmbito das atividades do Grupo de Trabalho de Transição Energética da RELOP, subordinado ao tema “Eficiência Energética: Desafios e Caminhos para Decisões Conscientes”. O evento teve como objetivo promover a partilha de experiências e estimular o debate sobre os principais desafios e soluções no domínio da eficiência energética.
A sessão contou com a participação de 40 representantes das 12 entidades que integram a RELOP, sendo moderada por Fernando Martins, Chefe de Unidade de Controlo e Prevenção da ENSE, que dinamizou os trabalhos ao longo da tarde.
A primeira intervenção esteve a cargo de Miguel Alves, da Direção de Infraestruturas e Redes da ERSE (Portugal), que abordou o tema “Transição Energética do Sistema Energético”. Apresentou uma visão global dos cenários da Agência Internacional de Energia sobre as emissões do setor elétrico, destacando a necessidade de uma abordagem holística que integre diferentes vetores energéticos, infraestruturas e setores de consumo. Realçou o crescimento significativo dos gases renováveis nos últimos 20 anos, em particular no apoio à produção de eletricidade. Referiu ainda a evolução do autoconsumo em Portugal, que representou 2,8% do consumo nacional em 2023, uma tendência impulsionada pelos incentivos e pelo Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) 2030.
Seguiu-se a intervenção de Sérgio Moreno, Diretor de Eficiência e Tecnologia da Autoridade Reguladora de Energia (ARENE) de Moçambique, que discutiu os “Desafios da Regulação da Eficiência Energética em Moçambique”, com enfoque no uso sustentável da biomassa. Destacou a implementação de novos diplomas legais para fomentar a eficiência energética, impulsionar uma transição energética justa e expandir a eletrificação em novas regiões.
Por fim, o Professor Catedrático Aníbal Traça de Almeida, Diretor do Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra, apresentou um caso prático sobre “Elaboração de uma Estratégia Nacional de Eficiência Energética em Moçambique e Plano de Ação”. O estudo analisou a economia do país, as necessidades de consumo e as suas fontes energéticas, revelando um crescimento anual de 10% do consumo energético, especialmente no setor terciário, ligado ao comércio, serviços e turismo. Foram identificadas mais de 40 medidas de poupança energética, com o objetivo de moderar o crescimento da procura sem comprometer a qualidade de vida dos utilizadores dos edifícios.
Uma das ideias-chave do workshop foi a importância de, antes de investir em novas fontes de energia, dar prioridade à redução do consumo através de políticas de eficiência energética. Um uso racional dos recursos permitirá uma transição mais eficaz e ágil, garantindo benefícios económicos e ambientais no curto e longo prazo.