No passado dia 23 de junho, realizou-se mais uma sessão do Grupo de Trabalho de Transição Energética da RELOP, dinamizada pela ENSE, E.P.E., desta vez dedicada ao tema “Regulação das centrais hídricas: o papel da integração das vRES e os desafios na construção de novas centrais”. O workshop, realizado por videoconferência, reuniu cerca de 60 participantes de diversas entidades da RELOP, e promoveu uma reflexão abrangente sobre o papel estratégico das centrais hidroelétricas na transição energética.
A sessão iniciou-se com a intervenção de Miguel Alves, da Direção de Infraestruturas e Redes da ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, que destacou o papel das centrais hídricas no suporte à segurança de abastecimento e na compensação da variabilidade associada às fontes de energia renováveis variáveis (vRES). Foi abordada a relevância das infraestruturas de bombagem e a necessidade de adequar o quadro regulatório para garantir uma valorização eficiente da flexibilidade que estas centrais oferecem ao sistema.
Seguiu-se a apresentação de António Silva, Coordenador do Domínio da Qualidade da Prestação dos Serviços do IRSEA – Instituto Regulador dos Serviços de Eletricidade e de Água de Angola, que expôs o enquadramento do setor elétrico angolano, salientando o esforço do país na transição para uma matriz mais sustentável. Destacou ainda os desafios da integração das renováveis num sistema predominantemente hídrico e a importância da regulação na viabilização de projetos de centrais de média e grande dimensão.
Luís Brandão, do Departamento de Engenharia da EDP – Energias de Portugal, trouxe uma perspetiva técnica, partilhando a experiência da EDP na modernização e expansão das suas centrais hídricas, nomeadamente no projeto de bombagem reversível em Alqueva. Realçou ainda a importância de instrumentos de mercado e políticas públicas para garantir a atratividade do investimento.
Por fim, Christian Figueiredo, Advogado da ABRAGE – Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica, apresentou os principais desafios e oportunidades do setor hídrico brasileiro, onde as centrais hidroelétricas continuam a desempenhar um papel essencial para garantir a segurança energética e facilitar a integração das renováveis. Enfatizou a necessidade de rever os modelos de operação e de remuneração, bem como de reforçar a cooperação entre os agentes do setor.
O workshop evidenciou a relevância das centrais hídricas no atual contexto de transição energética, nomeadamente pela sua capacidade de armazenar energia cinética, oferecer serviços de sistema e, sobretudo, pela sua elevada capacidade de regulação face a variações na procura, sendo ao contrário das fontes eólica e solar que não são tão eficazes na resposta rápida a picos de consumo e na estabilização do sistema elétrico.
A partilha de experiências entre países reforçou o papel da RELOP como plataforma de cooperação técnica e institucional, contribuindo para uma regulação mais eficaz e resiliente.
Entretanto, o trabalho dos workshops deste Grupo de Trabalho irá fazer uma pausa até ao próximo dia 23 de setembro, onde regressará com o tema “Cenários das diferentes pegadas carbónicas: compreender as diferentes origens das emissões de CO₂ nos países envolvidos e explorar soluções viáveis para minimizar os efeitos”.